Mas o que realmente me impediu de acionar a câmera, e me fez colocá-la de volta no estojo, perdendo o que poderia ter sido a foto perfeita, uma cápsula do tempo, foi uma sensação semelhante à que ocorre pouco antes de se colher uma flor, quando a dúvida interfere na escolha de se possuir a beleza destruindo-a.
“Eu me lembro do helicóptero com drogas, Ricky, mas não de um avião. Deixa de exagerar, pô!” disse o meu amigo, aquele carioca grande, com vozeirão, que não sabe conversar, só sabe gritar, ao chegarmos à mesa do botequim que frequentávamos numa época em que tínhamos mais cabelo, bebíamos muito mais e em que ainda não havíamos nos separado para tomar caminhos — e opiniões—muito diferentes.