Confesso que não gosto de museus

Passando pelas prostitutas chinesas no final do Boulevard de la Villette, chego a Belleville e mergulho na feirinha de rua onde tudo é vendido aos gritos, por homens beduínos, bonitos com seus narizes de águia. Há lindas mulheres africanas, elegantes com seus roupões e turbantes coloridos, empurrando carrinhos de crianças que dormem, enquanto conversam em francês suave. Ao chegar na parte alta de Belleville, um bar velho e sujo com homens de cabelo branco, fumando e tomando café e cognac às gargalhadas. Busco os grafites com os olhos, enquanto os ouvidos escutam a babilônia de línguas na rua, e que me provocam dor de cabeça ao tentar decifrá-las. Um homem debruça sobre sua varanda, chorando, no terceiro andar. Há uma francesa lindíssima, contrariada, sentada no parque, ao lado dos seus pais idosos. Arranco um meio sorriso dela e ela apaga o cigarro. A paz de Parc de Belleville me faz contemplar: aprendo mais sobre este mundo em meia hora de Belleville do que no Louvre. E aprendo ainda mais sobre mim mesmo.

Pode ficar com teus museus, Paris. Prefiro bagunçar!

Posted by

A native of Chicago, Ricky Toledano has lived in Rio de Janeiro, Brazil for over twenty years as a writer, translator and teacher. [a]multipicity is multi-lingual collection of reflections through the humanities.

2 thoughts on “Confesso que não gosto de museus

Leave a Reply

Fill in your details below or click an icon to log in:

WordPress.com Logo

You are commenting using your WordPress.com account. Log Out /  Change )

Facebook photo

You are commenting using your Facebook account. Log Out /  Change )

Connecting to %s